Azul é a cor do céu... E o céu inspira liberdade, ao menos o céu que se pode ver azul, o céu campestre... Um dia, a menina conheceu uma casa azul como esse céu do campo... e, essa casa se tornou um céu para ela... A menina achou a casa, aparentemente e exteriormente, comum, mas ouviu dizer que lá dentro havia um universo... A menina quis entender o porquê... quis conhecer o universo... e, a menina se apaixonou por aquele universo.
A menina viu crianças brincando de ser gente grande, a menina viu crianças brincando de ser cidadãs... E não era brincadeira o que a menina via... A menina viu crianças comprometidas, espontâneas, doces, alegres... A menina viu crianças conhecedoras de suas raízes, de suas histórias... A menina viu luz naquelas crianças... mais que isso, a menina viu luz naquela casa azul...
A casa parecia encantada. Ocorreu ali, um encontro surreal entre ela e sua própria essência que estava perdida dentro de si mesma... Sei lá... É como se ela já a conhecesse, se estivesse em busca dela e, de repente, o encontro fora inevitável... O coração da casa, sua memória, suas lendas, suas histórias, seus encantos...
Era pra ser uma casa de brinquedo, esse era o sonho de seu idealizador, de seu pai sonhador... Mas, a casa criou vida e as crianças que nela chegaram, observando, sorrateiramente, pelas frestas da janela começaram a sentir que aquela casa era mesmo delas... E começaram a brincar de ser adultas... Que nada... Na realidade, elas começaram a mostras que tinham tanta e até mais capacidade do que eles para contar histórias, para encantar os visitantes, para emocionar as pessoas... Foi isso. A menina viu e, mesmo não acreditando no que via, percebeu que era real... Ela estava, de fato, vivendo um sonho... Um sonho real e lindo de se viver...
Por entre as salas de um Memorial que conta história, por entre laboratórios que materializam essas histórias, por meio de gibis, músicas, espetáculos teatrais etc, por entre as paredes das bibliotecas, dvdteca, gibiteca, editora, rádio, laboratório de arqueologia... na candura do parquinho, na rusticidade do teatro, em todos esses ambientes é perceptível a magia e a veia mítica que toma conta do lugar... A menina tem brilho nos olhos novamente. A menina restaura suas esperanças num mundo melhor...
Essa menina, não é, na realidade, uma menina em idade... mas, é uma menina de coração. E tornou-se menina dessa casa... Porque uma passou a pertencer a outra, numa comunhão de sintonia impressionante... E as palavras não conseguem definir e, ao sair de lá a menina só dizia: Inexprimível! Indizível! Essas exclamações continuam com ela... Mesmo na incerteza do reencontro, mesmo com a distância que as separa... A menina sabe que sua casa estará sempre lá, esperando sua vinda, de braços abertos para acalentá-la em sua paz...
Essa menina sou eu e, essa casa mora na Chapada do Araripe, foi tombada sua Casa Patrimônio há quase um ano... Essa casa é mais que isso, essa casa também é minha... Por que eu amo essa casa azul??? Ah... Há perguntas que não precisam de respostas... Eu, simplesmente, amo.
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